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Saúde mental nas empresas: responsabilidade jurídica e estratégica

A saúde mental no ambiente de trabalho deixou de ser uma preocupação periférica e assumiu status de obrigação legal e estratégica para as empresas. Em um cenário de crescente judicialização das relações trabalhistas, organizações que negligenciam o bem-estar emocional de seus funcionários estão cada vez mais expostas a sanções civis, trabalhistas e até penais.

O que diz a legislação

A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), por meio da Portaria nº 6.730/2020, tornou obrigatória a adoção do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Esse programa inclui, de forma expressa, os riscos psicossociais, que abrangem:

  • pressões abusivas,

  • metas inatingíveis,

  • sobrecarga de trabalho,

  • ausência de pausas,

  • ambientes tóxicos,

  • práticas de assédio moral.

Esses fatores devem ser mapeados, controlados e prevenidos com o mesmo rigor aplicado aos riscos físicos, químicos e ergonômicos.

As consequências da omissão

Ignorar essas exigências pode gerar indenizações por danos morais e materiais, além da obrigação de pensões vitalícias. A Justiça do Trabalho tem se mostrado cada vez mais assertiva em responsabilizar empresas cujas práticas resultam em adoecimento emocional de seus trabalhadores.

O papel do compliance trabalhista

Nesse cenário, o compliance trabalhista assume papel central. Mais do que formalidades ou documentos arquivados, ele deve ser parte da governança empresarial, exigindo ações práticas e efetivas, como:

  • políticas internas consistentes,

  • treinamentos contínuos,

  • canais de escuta ativa,

  • lideranças preparadas para gerir pessoas com responsabilidade.

A importância da assessoria jurídica especializada

Nenhuma dessas iniciativas, no entanto, se sustenta sem o suporte de uma assessoria jurídica especializada e integrada à estratégia empresarial. Um departamento jurídico comprometido com a governança não apenas reage a conflitos, mas atua de forma preventiva, garantindo que o PGR seja efetivo, que os códigos de conduta sejam aplicados e que a cultura organizacional promova segurança psicológica.

Tratar o jurídico como mera despesa é um equívoco que pode custar caro. Investir em uma assessoria técnica sólida significa proteger o patrimônio, blindar a reputação e garantir a sustentabilidade institucional.

Conclusão

Cuidar da saúde mental no trabalho não é uma escolha – é uma exigência legal e, sobretudo, um imperativo de inteligência empresarial. Empresas que promovem ambientes psicologicamente seguros não apenas cumprem a legislação: protegem seu ativo mais estratégico – o futuro.

Por: JOSÉ DOS SANTOS SANTANA JR. | Advogado especialista em Direito Empresarial e da Saúde.
Matéria publicada na Revista Prática Forense